Duas semanas após confirmar um caso de gripe aviária em Mateus Leme, na região metropolitana de Belo Horizonte, o governo de Minas informou que concluiu nessa segunda-feira (9/6) o trabalho de vigilância sanitária nas propriedades da cidade. A ocorrência foi em um cisne-negro em um sítio particular. Conforme o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), órgão vinculado à Secretaria de Estado da Agricultura e Pecuária (Seapa), desde a primeira notificação positiva, em 26 de maio, foram coletadas 14 amostras, sendo 12 já descartadas para a doença. As outras duas, em animais silvestres (uma coruja e um gavião), estão sendo investigadas pelo Ministério de Agricultura e Pecuária (Mapa).
Segundo o IMA, na região de Mateus Leme foram inspecionados 628 estabelecimentos, incluindo propriedades rurais, residências com animais de subsistência e granjas comerciais. “Neste período, não houve nenhuma coleta na zona de vigilância, o que significa que não houve registro de mortalidade ou aves sintomáticas. Por precaução, permanece o status de emergência sanitária,” afirmou a Seapa em nota enviada à reportagem.
Os fiscais agropecuários-médicos veterinários e fiscais assistentes do IMA percorreram um raio de dez quilômetros do local onde a ave silvestre foi encontrada — área conhecida tecnicamente como perifoco. De acordo com o órgão, a força-tarefa envolveu 12 coordenadorias regionais: Oliveira, Belo Horizonte, Curvelo, Guanhães, Pouso Alegre, Juiz de Fora, Viçosa, Bom Despacho, os, Montes Claros e Janaúba. “Além das vistorias, os profissionais orientaram produtores sobre os sintomas da doença, as formas de prevenção e reforçam que a notificação ao IMA de qualquer suspeita é obrigatória. O recadastramento das propriedades também foi feito durante as visitas,” afirmou a Seapa.
Medidas de segurança
O IMA também destacou que segue promovendo estratégias de vigilância epidemiológica para as doenças avícolas de controle oficial: newcastle, salmonelose e micoplasmose. As ações também incluem medidas de biosseguridade das granjas comerciais, políticas de educação sanitária e vigilância nas propriedades classificadas como risco, cadastro e vistoria em criatórios de subsistência, além de ações sanitárias em eventuais áreas de foco da gripe aviária. “Essas ações seguem o Plano de Contingência da IAAP, elaborado em 2022 em parceria entre União, Estados e o setor produtivo, diante do avanço da doença na América do Sul.”
Consumo seguro
A respeito da contaminação, o governo de Minas esclareceu que a gripe aviária não é transmitida pelos alimentos. "Não há nenhum risco no consumo de ovos e carne de frango para a saúde humana. O contágio não acontece por meio do consumo, ele ocorre com base no contato direto com as aves infectadas. Então não é uma questão de saúde humana, estamos tranquilos em relação a isso", esclareceu a secretária adjunta de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), Poliana Cardoso Lopes.
A transmissão das aves para os humanos não é comum, mas pode ocorrer em pessoas expostas a uma grande carga viral ou que estejam com baixa imunidade. "Com a utilização correta dos equipamentos de proteção individual (EPIs) não há risco para os trabalhadores (das granjas). Também alertamos que, na eventualidade de encontrar alguma ave morta pelo caminho, a pessoa não deve deve tocar nela, e é importante que colabore com o sistema de vigilância fazendo a notificação para o IMA e para a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG)", pontuou Poliana.
Cuidados
Em casos de suspeita da doença em aves, a população deve entrar em contato com uma das unidades do IMA, responsável pela vigilância sanitária animal no Estado. Os endereços e contatos das unidades podem ser consultados no site oficial do órgão, por meio do site ima.mg.gov.br/atendimento/nossas-unidades. O órgão também disponibilizou uma cartilha virtual - ima.mg.gov.br/cartilha-influenza-aviaria - com orientações e cuidados básicos para prevenir a contaminação por Influenza Aviária.
Gripe aviária no Brasil
Além do caso de Mateus Leme, há outros três focos em andamento no país: em Mato Grosso, no Distrito Federal e no Rio Grande do Sul. Segundo a última atualização do Mapa, a lista de embargos total ao frango brasileiro é composta por 48 países - somados todos da União Europeia. Além disso, outros 16 limitam a restrição ao estado do Rio Grande do Sul e quatro, restringem a compra somente ao município de Montenegro (RS).