Conhecer diversas fontes, recursos e instrumentos para a compreensão dos oráculos, não como instrumento adivinhatório, mas como uma riqueza, dimensão simbólica, fonte de conhecimento, reflexão e orientação. Essa é a proposta do roteiro “Buscando a sabedoria dos oráculos”, uma viagem de cinco dias (ver agenda) para as cidades mineiras de São Lourenço e Pouso Alegre, conhecidas como portais energéticos.

O evento é uma parceria da Escuela de Mujeres e da Casa das Matryoshkas e vai contar com palestras e vivências ministradas por Marisa Sanabria e Heloísa Monteiro.

“Etimologicamente, a palavra ‘oráculo’ se vincula a um termo hebraico que está relacionado a uma raiz árabe ‘n’m’, que significa ‘sussurro’, e para alguns ‘o segredo que Deus fala aos homens’. Os oráculos existem desde a pré-história; ossos de animais, pedras, estrelas sempre foram consultados pela humanidade na tentativa de desvendar os mistérios da existência”, explica Marisa Sanabria, mestre em filosofia pela Universidade Federal de Minas Gerais, especialista em antropologia da mulher, professora universitária e escritora.

Ela será uma das instrutoras desse roteiro. A sabedoria dos oráculos, diz ela, “era um atributo majoritariamente de mulheres e tinha fins coletivos para orientar os movimentos e as decisões da tribo”. “Jung vai mencionar símbolos e representações de arquétipos como uma sabedoria inconsciente, que organiza nossa estrutura psíquica. Assim, os oráculos aparecem na sua dimensão simbólica e revelam aspectos recônditos da nossa subjetividade”, explica.

Marisa ressalta que, no mundo moderno, “estamos distantes de símbolos, contos e mitos, fragmentados e alienados de nós mesmos”. “A proposta é resgatar esta sabedoria simbólica em suas diferentes versões, como a cartomancia do século XIX na Europa e, especialmente, na França, onde, em um momento de instabilidade política, sibilas dos salões, como madame Lenormand, revelavam saberes para o próprio Napoleão Bonaparte”.

Um dos oráculos que serão explorados é o jogo da oca, com formato de labirinto e que segue os os do caminho de Santiago de Compostela e a sabedoria dos templários.

“Nele, as participantes vão vivenciar o caminho pelo labirinto, atravessando pontes e castelos e encontrando orientação para suas perguntas. Esse jogo tem origem a partir do século XVI e foi trazido pelos templários para a Europa. No entanto, há registros que dizem que sua origem remonta ao Egito e à Grécia”, comenta Marisa.

Ela explica que a oca (ganso) “é um animal palmípede que transita na terra, na água e nos céus e é considerada uma ave mensageira entre o mundo dos homens e a sabedoria oculta”. “Está vinculada à ave fênix, à íbis dos egípcios e à pomba do Espírito Santo na narrativa cristã”.

O tarô, emenda Marisa, “conta a história simbólica da nossa viagem interna no processo de individuação”. “Vamos a exercitar, por meio de símbolos do tarô, o caminho do herói, a travessia que todos nós realizamos para nos tornarmos adultos responsáveis e livres. É uma sabedoria ancestral com uma forma fixa e cuja proposta é chegar ao autoconhecimento. Partimos da carta zero, o louco, quando sabemos pouco sobre nós, e atravessamos desafios até chegar à carta XXI, o mundo, a libertação. É um processo que todos nós percorremos ao longo da vida”.

Charm casting: oráculo está sendo resgatado

A mestra em filosofia Maria Sanabria vai apresentar ao grupo o “charm casting”, o lançamento de encantos, método que teve sua origem nos anos 1950, nos Estados Unidos, e que está sendo resgatado na Espanha e em outras partes da Europa.

 

Marisa Sanabria é mestre em filosofia e uma das instrutoras do roteiro. Foto: Luiz Santos/Divulgação

 

“É um método simples e intuitivo que utiliza caixas de produtos comerciais, pequenos brindes que vinham nos bolos ou biscoitos para que alguém as encontrasse e que continham uma mensagem, um conselho ou uma advertência. Não há registros precisos de como se chegou ao método de hoje, mas sabemos que algumas historiadoras norte-americanas dedicadas à sabedoria ancestral o comparam aos métodos de adivinhação com ossos e pedras”, ensina Marisa.

E finaliza: “A partir dessa pesquisa, chegamos ao que hoje é o ‘charm casting’, tabuleiro dividido em vários aspectos com o lançamento de pingentes e berloques em que se faz uma leitura. Na atualidade este método é utilizado sozinho ou para complementar a orientação dada por outros oráculos”. (AED)

Homenagem a santa Sara de Kali

O roteiro pelo Sul de Minas inclui a cidade de Pouso Alegre, onde se encontra o Santuário de Santa Sara de Kali, considerado o primeiro e maior mirante de santa Sara do mundo. “Santa Sara de Kali é a padroeira dos povos ciganos, cujas mulheres sempre tiveram forte ligação com os oráculos. As ciganas jogam cartas, leem as mãos, a borra de café e a bola de cristal e são honradas por esse dom. Para elas, o saber oracular sempre foi algo muito importante”, comenta Heloísa Monteiro, terapeuta transpessoal e uma das instrutoras da viagem de autoconhecimento.

A ideia é introduzir a sabedoria e o pensamento cigano e apresentar o tarô cigano, que é diferente do tradicional, uma vez que não tem os mesmos arcanos, mas cartas específicas.

Heloísa, que é autora de “O Oráculo da Transição Planetária” e “O Oráculo dos Portais Iniciáticos de Maria Madalena”, vai trabalhar com o “Oráculo das Matryoshkas” já traduzido para o inglês, espanhol e francês.  “Elegi este oráculo para que os participantes possam jogar as cartas em forma de mandala, trabalhando a abundância”.

Para fechar o roteiro, Heloísa vai ministrar uma oficina de SoulCollage juntamente com a poesia “Estrela do Oriente”, de Bruna Lombardi, a fim de que cada pessoa possa criar sua carta pessoal colocando o que significa para ela esta ligação com o inconsciente que vem pela consulta aos oráculos. (AED).

AGENDA: A viagem “Buscando a sabedoria dos oráculos” vai acontecer de 25 a 29 de junho. Informações: (31) 99916-4072.