BRASÍLIA – O general da reserva e ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República Augusto Heleno decidiu nesta terça-feira (10) permanecer em silêncio e só responder perguntas do seu advogado no interrogatório do inquérito que investiga uma tentativa de golpe de Estado nas eleições de 2022.
A decisão foi informada ao ministro Alexandre de Moraes pelo advogado Matheus Milanez, responsável pela defesa de Heleno. Dos cinco interrogados do chamado "núcleo 1" da trama do golpe até então pelo STF, o militar foi o primeiro a lançar mão do direito constitucional de não produzir provas contra si mesmo
Segundo Milanez, o réu denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) de participar da articulação de uma tomada de poder à força após a derrota de Jair Bolsonaro nas eleições presidenciais optaria pelo silêncio parcial, só respondendo aos questionamentos do próprio defensor.
Relator do inquérito e juiz condutor da audiência de interrogatórios, Moraes leu os questionamentos que faria a Augusto Heleno e ou a palavra ao defensor. Nem o procurador-geral da República, Paulo Gonet, nem os advogados dos outros sete réus acusados de participação de uma trama golpista quiseram apresentar perguntas ao general.
"Atenha-se a responder sim ou não, general"
Milanez começou questionando Heleno do cargo que ocupava no governo Bolsonaro, das suas atribuições na função e outras questões apontadas pelo Ministério Público na denúncia que deu início à ação penal.
Em diversos momentos, o advogado interrompeu o general - que dava detalhes de alguns casos - pedindo para que ele se ativesse a responder “apenas sim ou não”, o que tirou risadas do plenário por se assemelhar a uma ordem dada por Moraes em outros depoimentos. “Não fui eu desta vez, general”, brincou o ministro.
“É importante salientar que o presidente Jair Bolsonaro iria jogar nas quatro linhas. E eu segui isso aí religiosamente em todo o tempo que estive na presidência [da República]”, disse ele.
Sem ter perguntas respondidas, Moraes olha celular enquanto Heleno fala
A condução do interrogatório apenas pelo advogado de defesa fez com que Alexandre de Moraes, pela primeira vez desde o início das cinco oitivas já realizadas, consultasse o celular por alguns minutos enquanto Heleno respondia às perguntas.
Augusto Heleno despachava do Palácio do Planalto, onde tinha um gabinete no segundo andar da sede do governo, onde também fica o gabinete presidencial.
O próximo réu a ser interrogado na tarde desta terça-feira é Jair Bolsonaro. Mais cedo, antes do início da sessão, o ex-presidente informou que pretende apresentar vídeos relacionados às urnas eletrônicas e que iria falar bastante se tivesse oportunidade.