BRASÍLIA – O São João de Caruaru 2025 terá uma baixa este ano: o show da banda Forró de Brucelose, liderada pelo ex-ministro do Turismo e ex-presidente da Embratur Gilson Machado, foi oficialmente cancelado após a prisão do político nesta sexta-feira (13), pela Polícia Federal.

A apresentação, prevista para o dia 24 de junho no tradicional Polo do Alto do Moura, era um dos destaques esperados da festa junina na cidade.

Gilson Machado, que comandou a pasta do Turismo durante o governo Bolsonaro e tem trajetória na cena política e musical nordestina, foi preso sob a suspeita de tentar intermediar a emissão de um aporte português para o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente. A operação teria como objetivo viabilizar a saída irregular de Cid do país.

Fundada na década de 1990 pelo ex-ministro, a Brucelose ganhou notoriedade no cenário regional com seu estilo de forró tradicional e nome curioso — uma referência à doença que atinge bovinos.

Cachê de pelo menos R$ 120 mil por show

Em 2024, a banda chegou a se apresentar no mesmo evento, recebendo um cachê de R$ 120 mil, conforme dados do Ministério Público de Pernambuco. Para este ano, os valores e detalhes da nova apresentação ainda não haviam sido divulgados.

A Prefeitura de Caruaru ainda não informou se haverá substituição na programação com o cancelamento. A repercussão do caso, no entanto, já movimenta bastidores políticos e culturais no estado. Gilson, que concorreu ao Senado em 2022 e à prefeitura do Recife em 2024, sempre conciliou a carreira política com a paixão pela música, frequentemente empunhando a sanfona em eventos públicos, alguns deles com Bolsonaro ao lado.

A investigação da PF aponta que o ex-ministro teria feito contato com o consulado português no Recife, em maio, para tentar garantir o documento europeu a Cid. A defesa dele afirma que a ligação foi apenas para renovar o aporte do pai, que tem cidadania portuguesa e mais de 80 anos.