Nem tudo que dói na região do joelho é um problema da articular. Estamos acostumados a pensar que, se uma articulação do corpo dói, existe um problema nos ossos ou nas cartilagens.
Ao fazer um raio X e não perceber nada alterado nessas estruturas, parece que o joelho não tem problema algum. Algumas vezes não tem mesmo, o que pode causar uma certa confusão na hora de entender o verdadeiro problema. No entanto, essa situação é muito mais comum do que se imagina.
Muito comumente, essa dor percebida no joelho é uma dor irradiada. Ou seja, sua origem não é no joelho. Ela ocorre devido a uma alteração na coluna lombossacra, que esteja gerando algum incômodo nas raízes nervosas localizadas nos espaços de L2 a S3.
Inervação
O joelho é inervado pelas raízes nervosas lombares L2 a L4, através do nervo femoral, e pelas raízes sacrais L5 e S1 a S3, através do nervo ciático.
O nervo femoral fornece inervação sensorial e motora para os músculos da frente da coxa, enquanto o nervo ciático, através dos nervos tibial e fibular (peroneal) comum, inerva os músculos flexores e extensores do joelho e da perna.
Como disse anteriormente, não é raro que essa situação gere muita confusão para o paciente. Não é fácil explicar que, embora a dor esteja em um ou nos dois joelhos, o problema real que está causando a dor não se encontra ali.
Sentimento soberano
Mesmo quando se faz um exame da coluna e identifica-se uma compressão de alguma das raízes nervosas que inervam o joelho, e se explica que os nervos que vão para a perna nascem da coluna e que é preciso tratar a coluna, ele ainda fica muito intrigado – principalmente se não sente nenhuma dor na coluna.
Em algumas situações, mesmo depois de realizar um bloqueio de dor na coluna e perceber que houve melhora da dor no joelho, o paciente continua tomando medicamento para dor no joelho, e não para a região lombar, onde realmente está o problema.
Parece-me que o sentimento é mesmo muito soberano – ele está acima de qualquer lógica científica.
Mesmo depois de muito esclarecimento e comprovação de que o problema não se encontra onde a dor está, é justamente onde dói que recebe toda a atenção do indivíduo afetado.
Profissionais de saúde
Isso não ocorre somente com o paciente; é comum que também se estenda aos profissionais de saúde que o atendem.
Também cuidam mais do local que dói do que da causa da dor, o que, geralmente, não resolve o problema – mas o paciente tem a sensação de estar sendo cuidado.
Isso me traz muitas reflexões:
A primeira é sobre o que percebemos sobre nós.
A segunda é: queremos aliviar o que percebemos, não o que não percebemos – mas que está ali, nos sabotando.