BRASÍLIA - O ministro da Casa Civil, Rui Costa, informou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) só decidirá sobre uma reação do Brasil ao “tarifaço” imposto pelos Estados Unidos na sexta-feira (14), depois de uma reunião marcada para o mesmo dia entre o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e representantes do governo americano.
“Tem uma reunião agendada para sexta-feira que o Alckmin está liderando com o governo americano para tentar chegar a um entendimento. O presidente só tomará uma posição depois dessa reunião”, declarou nesta quarta-feira (12).
Segundo Rui, Lula acredita que pode haver um entendimento consensuado na reunião agendada. Questionado se pode haver um anúncio de reciprocidade, com o Brasil impondo tarifas sobre produtos dos EUA, o ministro afirmou que esse é o “é o padrão da diplomacia internacional”.
“É assim que os países se comportam, de forma recíproca. Esse é o padrão. No caso concreto, a decisão só será tomada após essa reunião de sexta”, completou Rui Costa.
O aumento de tarifas anunciado pelo presidente dos EUA, Donald Trump, começou a valer nesta quarta-feira. A taxa ou para 25% sobre as importações de aço e alumínio. A medida deve impactar diretamente o Brasil, que é o segundo maior fornecedor de aço para os Estados Unidos.
No governo brasileiro, Alckmin tem coordenado as negociações sobre o assunto. O vice-presidente também é ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. Lula já chegou a declarar que haveria reciprocidade e reação comercial se Trump avançasse no “tarifaço”, mas ainda não anunciou uma resposta efetiva.
Haddad diz que Lula pediu ‘muita calma’
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, se reuniu na manhã desta quarta-feira com representantes da indústria do aço para debater possíveis ações frente à taxação. Os empresários solicitaram ao governo brasileiro providências para as importações e exportações de aço.
Embora tenham apresentado sugestões de medidas de proteção à indústria nacional, pediram que o Brasil negociasse um acordo com os EUA. “O presidente Lula falou: ‘muita calma nessa hora’. Nós já negociamos em condições muito mais desfavoráveis do que essa”, disse Haddad a jornalistas após a reunião.
De acordo com o ministro, o setor do aço considera que, além de prejudicar a indústria brasileira, a taxação não trará benefícios nem para os Estados Unidos: "Eles trouxeram argumentos muito consistentes de que não é bom negócio sequer para os americanos. Segundo o setor do aço, o diagnóstico do governo americano a respeito da exportação brasileira está equivocado”.